O Cabelo que vem…

Encontrei a resposta na revista Sábado (edição nº 130) num artigo intitulado “Cabelo que vem da Índia”. O artigo é algo longo, pelo que vou aqui fazer um pequeno mas esclarecedor resumo!
Todos os meses cerca de 12 milhões de mulheres indianas rapam os longos cabelos em homenagem a Vishnu, o deus hindu da protecção, em agradecimento pelo casamento, pelo nascimento de um filho ou a cura de uma doença. Esta é a 1ª etapa de um longo processo.
Cerca de 70 barbeiros que trabalham no templo Venkateshwara na zona sul da Índia, recebem cerca de 0,17 cêntimos de cada uma das 12 mil mulheres/dia que ali pagam para oferecer o seu cabelo. É o chamado “Cabelo do Templo” que segundo especialistas é o melhor que se pode comprar, sendo o das mulheres pobres o mais cobiçado por ser ainda “virgem” ou seja nunca ter sofrido agressões químicas como pinturas, ou físicas pela acção de secadores por exemplo. Estes cabelos são depois leiloados normalmente com uma periodicidade mensal, havendo quem encaixe com este negócio cerca de 10 milhões de € ano, e são vendidas toneladas dele a um preço não superior a 2,90 €/Kg.
Estes cabelos são levados pelos compradores para Bangalore (Capital Indiana da indústria e da tecnologia) onde mulheres seleccionam o cabelo á mão, fio a fio, agrupando-o em mechas de 200 fios cada, 7 dias por semana. Um quilo de gama alta, conhecido por cabelo “remy” é vendido a 400€ ao empresário Britânico David Gold, o maior produtor mundial de extensões de cabelo humano. O refugo segue para a China para o fabrico de bigodes, barbas e cabelos de homem, ou para extracção de aminoácidos, usados por exemplo na conservação de alimentos.
Depois de 15 a 20 dias em banhos descolorantes as mechas são banhadas por forma a obter uma das 50 cores disponíveis e aplicada a queratina (proteína natural do cabelo) ficando finalmente prontas a serem vendidas aos cabeleireiros Europeus e Americanos.
Cada aplicação destas extensões pode ultrapassar facilmente os mil euros, sendo este o preço médio que os distribuidores pagam a David Gold por cada quilo de cabelo e que equivale a 20 meses de salário na Índia. Resta dizer que a empresa deste senhor apresenta lucros de 50 milhões de euros/ano só com a venda de “Cabelo do Templo”.
Já agora, e para as interessadas dizer que para manter as extensões impecáveis, convém visitar o cabeleireiro uma vez por mês e ao fim de 3 meses substituí-las devido ao crescimento natural que afasta os pontos de união do couro cabeludo tornando-o feio e de difícil pentear. Deve ser tratado com champô, creme e máscara próprios para cabelos tratados quimicamente e usar uma escova de pêlo flexível.
Em Portugal o “Cabelo do Templo” está à venda em vários cabeleireiros, destacando os salões da Lúcia Piloto, Eduardo Beauté, Fátima Lopes, Marina Cruz e Moreno. Todos acessíveis portanto!