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sábado, junho 13, 2009

Notas históricas de Cassurrães

Santiago de Cassurrães e suas origens

Foto Santiago On-Line
O Dr.Alexandre Alves publicou no jornal da Paróquia de Santiago ao longo de 1960 um artigo intitulado “Notícias Históricas de Cassurrães” que segundo o próprio “…formará uma como que pequena monografia das terras de Cassurrães, na qual muitos dos seus filhos virão encontrar motivos de desvanecimento e, em consequência, mais revigorados sentirão o amor pela terra que lhes serviu de berço.”

Ao longo do tempo aqui deixarei alguns trechos desse longo e exaustivo trabalho, começando precisamente pelas linhas onde fala sobre a origem desta freguesia e de alguns dos nomes dos lugares. A transcrição é o mais fiel possível, incluindo algumas palavras que hoje já não existem ou se escrevem de maneira diferente.

"… em 1.102, o conde D. Henrique e D. Teresa concedem carta de foral aos moradores das terras de Zurara, contando-as em 1.500 módios. Todas as populoções entre o Dão e o Mondego, Penalva e o ribeiro de RiaI deviam «responder» a Zurara com foros e com serviços, segundo naquela carta se continha. Não é de repugnar que, quando da concessão do foral, existissem já as terras de Cassurrães, por isso que são antiquíssimos os nomes dos lugares que formam a freguesia. Num documento de 906 (uma composição entre os bispos de Coimbra e de Iria sobre a igreja de Águas Santas da diocese de Braga) depara-se com um «… agro de CONTENSA medio…» (2). Leite de Vasconcelos escrevia CAÇORRÃES (in «O Arqueólogo Português», vol. XXII) e justificava tal grafia socorrendo-se de documentos séc. XI mencionados no «Onomástico» de Cortezão e nos quais se vê, claramente, CAZORANES. Perfilhamos, incondicionalmente, a opinião do Mestre, opinião confirmada, pelo menos, nas «Inquirições» de 1.258 onde se escreveu, indiferentemente, CAÇURRAES e CAZURRAES. Este topónimo resultou do nome de um primitivo possuidor da terra, embora o Dr. Pedro Augusto Ferreira, Abade de Miragaia, tenha pretendido atribuir-lhe (bem pouco engenhosamente, acrescenta-se) uma origem um tanto insólita (3). Diz Fustel de CouIanges (4) que já entre os romanos era costume «dar a cada domínio rural um nome próprio, tirado quase sempre do nome de uma pessoa». Facto semelhante se verifica quanto à origem de «CASAL MONDINHO»: no «Livro de Mumadona» — ano 924 — entre várias testemunhas, figura um Uistremiri MONDINI e, num diploma do ano 925 (doação de parte de um prédio rústico perto do Rio Paiva) também se nos depara, atestando, outro MONDINU. Já o mesmo se não pode dizer de FUNDÕES, nome que, é evidente, foi uma consequência da situação do Iugar: povoação colocada num plano inferior ao dos aglomerados populacionais circunvizinhos. Finalmente, a comprovarem a primitiva rudeza da região, nomes de acentuada reminiscência medieval como, entre outros, os de «CERVÃES», «VALE DO PORCO», junto às Contenças de Cima e «COVA DO LOBO», no termo das Contenças de Baixo.

NOTAS:
(2) Em Rio de Onor, povoação raiana da província de Trás-os-Montes, passa o rio Contensa. Nas «Liss. Cronológicas» de J. P. Ribeiro — voL 3.º, pg. 184, refere-se um documento em que Egas Afonso vende ao Mosteiro de Salgadas umas pesqueiras na CONTENSA e no rio Douro.
(3) No 3.º voL., pg. 250, da «Tentativa Etymologico—Toponymica»: «Cassurrães por Cassurrões. — De cachorrões, grandes cães?...» — pergunta o Abade de Miragaia.
(4) Cit. de H. Gama Barros, em «História da Administração Pública», vol. IV, p. 36."

Escrito de Alexandre Alves na publicação de 1960 da “Família Paroquial” de Santiago de Cassurrães (edição nº 29, página 2).

Um agradecimento especial ao Dr. Pedro Pina Nóbrega (Arqueólogo / Historiador) que generosamente me fez chegar estes preciosos documentos.

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2 Comments:

At 15 junho, 2009, Blogger Amaral said...

Matos
Interessante este post para nos dar a conhecer mais umas coisitas.
Boa semana
Abraço

 
At 20 junho, 2009, Blogger PPN said...

Caro Carlos Parabéns por continuar a partilhar sobre a história da sua freguesia.

O Dr. Alexandre Alves começou a escrever no "Familia Paroquial" a convite do pároco de então, o Pe. Júlio Homem de Almeida.

Como o Carlos já referiu aqui no blogue, o Dr. Alexandre Alves estava ligado à freguesia por casamento. Na igreja paroquial, 1-12-1951, contraiu casamento com D. Camila Maria de Martins Eugénio, professora, que é natural de Contenças-Gare.

 

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