O meu cantinho!...

Não sou Poeta, não sou Professor, não sou Engenheiro e muito menos Doutor. Sou alguém que aprendeu a ser o que é, porque um dia me disseram que na vida o que realmente importa é ser eu próprio, confiar nos sentimentos e respeitar o que nos rodeia, ...as pessoas e ...o Mundo!

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sábado, janeiro 13, 2007

4 Primos [4º Capítulo]

É uma sensação esquisita caminhar sem a mochila nas costas após horas a carregá-la. Parece que vamos cair a qualquer momento até os sensores De faxina à caserna.corporais se aperceberam que já não temos todos aqueles quilos em cima. A primeira tarefa após inspecção do local é limpar a zona escolhida para a “cama”, mas para optimizar os recursos, uns tratavam da limpeza enquanto outros cortavam fetos e ramos de giesta, e se juntava lenha para acender uma boa fogueiró-la. Em breve estavam as coisas organizadas o suficiente para nos permitirmos a um descanso e como o estômago começava “a dar horas” jantámos não sem antes juntar aos dois existentes, outros tantos bancos (pedras). Das mochilas saltaram, como pipocas, as mais diversas iguarias que faziam transbordar a pequena mesa. Rissóis, panados, arroz, pão com chouriço e chispalhada, torta, queques e Rir de tanto chorar com o fumo.bolachas para sobremesa, tudo regado com sumos variados e água, muita água. Ali mesmo em frente da fogueira estava-se razoavelmente confortável e quentinhos, o pior era o fumo, quase parecíamos chouriça em fumeiro. Lenha meia molhada ou meia seca, como quiserem, e umas rabanadas de vento que de vez a quando irrompia por ali a dentro, transformava a permanência à mesa um autentico acto heróico, acho até que “vertemos” mais água pelos olhos naquelas condições do que pelo suor durante a jornada do dia. Não o sabíamos na altura, mas foi a 1ª provação da noite. Finda a refeição colocámos no lugar o “colchão” de fetos e giestas, e como resguardo o oleado do fundo da tenda para um mínimo de conforto e Foste tu que comeste o meu panado!ficar-mos protegidos de uma ou outra “caganeta” de ovelha que possa ter escapado à limpeza. Como já referido, aquele é um abrigo de pastores mas que também e em certas ocasiões albergará ovelhas. A escolha do local para a “cama” foi consensual, pois era a zona mais afastada da entrada ficando com a lareira de permeio e abrigada dos ventos… ou talvez não. Escolhidos os lugares, a mim coube-me a ponta mais perto da porta mas também mais perto da lareira, por isso não estava mal, já o meu primo na outra ponta depressa deu conta (assim que se deitou de barriga ao ar só para experimentar) que ali corria uma “ligeira” corrente de ar fruto de uns buracos dos lados e no tecto, No cimo do abrigo...principalmente no tecto.
Com a “cama” feita e a barriga cheia fomos ao exterior explorar a zona fazendo tempo para o Sporting-Benfica da noite. Por ali corria uma ribeira de águas límpidas e frias mesmo a jeito para a higiene pessoal, também lenha não faltava embora molhada mas, uma seca a outra e tudo arde, no entanto a descoberta preocupante da noite deu-se quando a custo subimos ao cimo dos calhaus que nos acolhiam nas entranhas. Uma grande ranhura em faca descia abrupta até à extremidade da nossa “cama” lá em baixo e que em caso de ventos fortes… A outra preocupação era a completa ausência de estrelas! Umas fotos aqui, outras ali e chegam as 20:30. Sintonizado o pequeno rádio de pilhas na Rádio Renascença, porque na RR o Sporting nunca perde (assim dizia o ...e no seu interior. O conforto da cama era testado.meu primo que fazia comigo a dupla de Sportinguistas) iniciámos uma jornada de sueca. Calhou equipas mistas (SCP/SLB contra SCP/SLB) e assim sairia sempre um SCP e SLB a ganhar ao contrário do futebol onde o SCP cedo sofreu um golo. A meio do jogo trocámos os elementos de equipa já que a minha vencia por larga margem. Segundo tempo, outro golo (do SLB claro) e mais uma vitória da minha dupla nas cartas. Pelo menos aí não perdi ao contrário do SCP que humilhado no seu campo deixou o meu primo de rastos que acabara de perder também “na batota”. Um elogio aos meus companheiros de jornada SLBs que não fizeram mais comentários. Era a 2ª provação, (claro que para nós os lagartos). Eram 10:30 mais ou menos, hora do chá. Como a água que leváramos já tinha esgotado, fomos à ribeira. As provisões «Pocha, o meu Sporting perdeu! Que chatice, resta o consolo da fogueira.»voltaram à mesa, o chá fervia no pequeno fogão Camping-Gás e a bela chouriça assava no álcool (afinal tinha valido a pena transportar tudo aquilo às costas). Em amena cavaqueira por ali ficámos (quase) sem fumo pois a entrada tínhamos anteriormente tapado com o tecto da tenda que evitava as correntes de ar e que se ia aguentando às investidas do vento. Bem sei que passámos a noite a comer, mas que mais haveríamos de fazer?
Pouco depois das 11:30, quase com as provisões de lenha a acabar fomos para os sacos-cama, depois de lavar os dentes claro. Segundo o meu termómetro cá fora estavam 7º enquanto que lá dentro ultrapassava os 11º chegando quase aos 30º mesmo em frente da lareira. Dentro do saco-cama estava mais calor ainda, pelo que não foi fácil 10:30 Hora do chá e da chouriça.adormecer. Por volta da 00:30 do dia 2 de Dezembro tinha eu acabado de sucumbir ao sono, toca o meu telemóvel! Esbaforido e pensando no pior, procuro-o desesperadamente no meio da confusão de roupa e mochilas envolto apenas na ténue claridade do brasiol da fogueira… e quando finalmente o encontro… era "alguém" a perguntar se me tinha acordado, por causa de um problema ininformático. Terminada a chamada, colocado o telemóvel no mesmo sítio, volto-me para o outro lado, digo aos outros que não era nada e voltamos a adormecer. Quinze minutos depois a cena repete-se… era um amigo que não pudera ir a perguntar se estava tudo bem! Ok, nessa altura apercebemo-nos que o vento tinha aumentado assustadoramente. Mais uma volta e retornávamos ao país Prontos para uma noite tranquila? Hum, não me parece!dos sonhos. Às 02:00 da manhã somos acordados por um barulho ensurdecedor seguido de um estalido parecido a um tiro. Todos acordámos achando que o abrigo desabava sobre nós… mas não, era o vento que acabava de arrancar a “porta” atirando com as pedras que a seguravam, fazendo-a esvoaçar furiosamente. Coube-me a mim (estava mais perto) ir retirar o pano e guardá-lo, estava frio lá fora que me enregelou até aos ossos. Que mais iria acontecer? De volta ao saco e ao sono … acabávamos de passar pela 3ª provação. Passou algum tempo, e a meio de um sonho oiço o meu primo da outra ponta gritar!
- Está a chover! Caiu-me uma pinga na cara…

(Continua no 5º e último capítulo)

5 Comments:

At 13 janeiro, 2007, Anonymous Anónimo said...

Que maravilha de aventura!Até fazem inveja...Pois continuem com os vossos relatos, que são uma bela maneira de passar um pouco do serão divertida.

 
At 14 janeiro, 2007, Blogger Agnelo Figueiredo said...

E eu ia lá saber que andavas com os primos a fazer de ermita nas alturas da Estrela...
Sorry.

 
At 14 janeiro, 2007, Blogger CMatos said...

Não tem mal azurara.
Na 1ª versão da história em vez do 'alguém' estava escrito azurara, mas depois achei por bem colocar assim, sabendo no entanto que ia perceber. :)
Foi engraçado, são coisas assim que povoam as nossas memórias.
hehehe

 
At 15 janeiro, 2007, Blogger JL said...

Olha, se eu soubesse também tinha ligado, lá para as 3 ou 4 da manhã :-). Assim, como assim, sempre ias acordando de hora a hora. Uma espécie de relógio de sala :-)

 
At 15 janeiro, 2007, Blogger Pitanga Doce said...

Olha, vá ao Pipo-Bar ver os comentários que andei lá 2 dias para conseguir.
Depois vai ao Pitanga "se faz favori".
abraços

 

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