O meu cantinho!...

Não sou Poeta, não sou Professor, não sou Engenheiro e muito menos Doutor. Sou alguém que aprendeu a ser o que é, porque um dia me disseram que na vida o que realmente importa é ser eu próprio, confiar nos sentimentos e respeitar o que nos rodeia, ...as pessoas e ...o Mundo!

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domingo, outubro 25, 2009

Notas históricas de Cassurrães

Igreja Paroquial (Continuação)

Foto CMatos
«Encostados ao arco do cruzeiro – inteiramente revestido de talha barroca, dourada – estão dois pequenos mas graciosos altares do primeiro quartel do séc. XVIII. Num, no do Evangelho, venera-se N. Senhora de Fátima e, no outro, Santa Teresa, ladeada pelo Menino Jesus e S. Brás, imagens de muita devoção.
Finalmente, o arco é sobrepujado por um nicho onde está Cristo crucificado e nele existem, ainda, além dos bustos de St. António e S. Francisco de Assis, em baixo relevo de madeira estofada e dourada, duas telas representando o «Senhor da Cana Verde» e o «Senhor atado à coluna», pinturas que, em tempos, foram erradamente atribuídas a Grão Vasco ou à sua Escola (4).
No corpo da igreja, na parede do lado esquerdo de quem entra, abre-se o Baptistério – pia prismática assente em coluna torcida, do séc. XVI – e os altares do Senhor Crucificado – ou das Almas – e de St.ª Bárbara (a).
Foto CMatos Entre este altar e a tribuna que, deste lado, abre para o corpo da igreja ainda se conserva o púlpito antigo, do séc. XVII, muito interessante, peça também prismática, sustentada por um anjo atlante. Os ângulos do púlpito são decorados com talha dourada, em folhagem de acanto, e as superfícies pintadas a óleo, imitando o tecido de sede adamascada.
Nos arcos da parede oposta está a capela de S. Lourenço e um ingénuo Presépio de gosto moderno (b).
Por falta de documentos, não fazemos ideia de como seria o aspecto da Igreja de Santiago, em tempos remotos, e sòmente a partir da segunda metade do séc. XVII é que dispomos de elementos que permitem, com relativa segurança, descrever o interior do templo.
Em 1675, o Bispo D. João de Melo, depois de ter visitado toda a Diocese, mandou elaborar, para a Sagrada Conaregação, uma «Instrução e Relação da Catedral da cidade de Viseu e mais igrejas do Bispado» (5). Segundo tal «Instrução», a igreja de Cassurrães tinha Sacrário e dois altares colaterais da invocação do S.mo Sacramento e Senhora do Rosário.
Cem anos depois, dizia o Abade Agostinho Luís de Carvalho Freire e Vasconcelos na «Memória Paroquial de Santiago de Cassurrães»:
«…Tem esta igreja sete altares; Capela-mor, com o Orago, Senhor S. Tiago; dois colaterais, um da parte do Evangelho, do Menino Jesus, o da parte da Epístola do Senhor Santo António. Tem nos lados das paredes, da parte do Evangelho, duas capelas, uma de N. Sr.ª do Rosário, a outra do Senhor Crucificado, chamada a Capela das Almas; da parte da Epístola outras duas, uma da Sr.ª Santa Ana, outra do Sr. S. Lourenço, fazendo estas frente umas às outras…»
Como se vê, nesta altura tinha já desaparecido a capela do S.mo Sacramento, por se ter mudado o Sacrário para o altar-mor. O número dos altares é o mesmo de hoje, 7 também, todos com invocações diferentes, com excepção do de S. Lourenço e do Senhor Crucificado.
(…)
Em 2 de Abril de 1708, foi colocado na Abadia de Santiago o P. Manuel Roiz. O novo Abade, cheio de dinamismo, tratou de adornar (…) a sua Igreja e de reformar e ampliar a capela-mor, para a qual também mandou fazer um novo retábulo. (…)
- «Mandou fazer a imagem de Santiago, tempos depois que tomou posse desta Igreja – 4.600 Reis (11)
(…)
- «Comprou o docel para o trono – 26.000 Reis
(…)
- «Mandou fazer e pintar a estante do círio Pascoal – 2.700 Reis
- «Uma sacristia que custou 140.000 Reis
- «Uns castiçais de bronze que importaram em 1.750 Reis»

(…Continua)

(4) – São cópias das telas primitivas. Os originais foram levados, em tempos, para o Museu de Viseu, por iniciativa do falecido Cap. Almeida Moreira, fundador do Museu Grão-Vasco.
(5) – Manuscrito do Arq. Dist. De Viseu, s/número de inventário.
(11) – É a imagem do orago da freguesia, colocada no nicho do altar principal, do lado do Evangelho.

In Família Paroquial de Santiago de Cassurrães, nº 47 e 50, pág. 2 por Alexandre Alves

Notas Pessoais
(a) – Hoje esta capela deu lugar ao Baptistério.
(b) – O presépio também já não existe, tendo dado lugar à entrada interior para a Capela lateral/mortuária, cujo altar é precisamente o de St.ª Bárbara que saiu do lugar onde hoje é o Baptistério.

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