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Não sou Poeta, não sou Professor, não sou Engenheiro e muito menos Doutor. Sou alguém que aprendeu a ser o que é, porque um dia me disseram que na vida o que realmente importa é ser eu próprio, confiar nos sentimentos e respeitar o que nos rodeia, ...as pessoas e ...o Mundo!

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segunda-feira, outubro 05, 2009

Notas históricas de Cassurrães

Santiago de Cassurrães – A Feirinha

"Os nomes das propriedades (muitas das quais pertenciam a mosteiros e a diversas corporações religiosas como fossem, por exemplo, os conventos de freiras de Ferreira de Aves e de S. Bento de Viseu e as confrarias locais do Senhor, de S. Pedro Mártir, da Senhora de Cervães e outras) ainda hoje perduram: o Lameiro do Santo, o Lameiro da Eira, Carvalheda, Fonte do Prado, o Valongo, a Canada, o Cabeço dos Pombos, Vale e Cova do Lobo, a Recta Cimeira, a Rechã, Fundeira, a Tapada da Lemarra, a Barroqueira, a Cumieira, o Chão do Miçado, a Maria Velha, o Chão do Agro, o Carril e muitos, muitos outros que provam a persistência com que esses nomes ancestrais se transmitem de geração em geração, ultrapassando os séculos.
(…)
A produtividade do solo e a muito acentuada densidade demográfica da região por certo que não foram estranhas à creação da feira ainda hoje existente e conhecida pelo diminutivo de «Feirinha». Quando teve início, ignoramo-lo; e a mais antiga notícia a seu respeito encontramo-la, precisamente, nas «Memórias Paroquiais»: «Tem hua feira que se faz todos os meses aos 15 dias do mês». O Reverendo Abade de Santiago mais não adianta (…) mas, enfim, basta que se saiba que a «Feirinha» conta já a bonita idade de 200 largos anos…
Os mercadores que vinham à feira de Cassurrães deviam estar isentos do pagamento da portagem, do «assento» e de quaisquer outros impostos. Já antes de 1.500 que no concelho de Mangualde se não exigia o direito da portagem (…). Contudo, em 1.880, a Junta da Paróquia de Santiago, para suprir a falta de meios com que lutava, na sessão de 25 de Janeiro resolveu que «pagassem assento» todos quantos viessem à feira para vender. Do resolvido, elaborou-se a tabela seguinte.
« Contrabandistas que armassem no ar peça,
« Tanto bancos como táboas ---------------------- 10 Reis cada
« Armando no chão ------------------------------- 20 Reis cada
« Retroseiros ------------------------------------- 20 Reis cada
« Padeiras, por cada canastra -------------------- 20 Reis cada
« Sardinheiras ------------------------------------ 20 Reis cada
« Tamanqueiros ---------------------------------- 20 Reis cada
« Brocheiros -------------------------------------- 20 Reis cada
« Louceiros --------------------------------------- 20 Reis cada
« Quem vender géneros em sacos, cada um ------ 20 Reis cada
« Ferreiros --------------------------------------- 20 Reis cada
« Cabriteiros ------------------------------------- 20 Reis cada
« Azeiteiros -------------------------------------- 20 Reis cada
« Vendeiros -------------------------------------- 20 Reis cada
« Os que entrarem com cargas de sardinha ------ 1 Vintém
« Os que entrarem com carros ------------------ 80 Reis"

Escritos do Dr. Alexandre Alves para o jornal "Familia Paroquial" de Santiago de Cassurrães (Página 2 das edições 31 e 32 de 1960).

A "Feirinha" sobrevive ainda, agora com quase 250 anos (ou mesmo mais, não se sabe). Agora já não é aos 15 dias do mês, mas sim na 1ª Quinta feira de cada mês. Já não terá a importância de então, mas ainda assim continua a atrair vários feirantes, principalmente de roupas, calçado, carnes e latoaria, mas também outros mais relacionados com as várias épocas do ano, como por exemplo na altura das couves e ceboulo. É a oportunidade daqueles que com dificuldades de transporte, mais idosos ou com maiores dificuldades de locomoção para se deslocarem a Mangualde, aqui se abastecerem de alguns bens mais necessários.
Houve uma altura em que esta "Feirinha" deixou de se realizar, mas ainda bem que, há muitos anos atrás, foram criadas as condições necessárias para que esta manifestação cultural voltasse a ser uma realidade, com uma boa adesão, quer da parte de quem vende como daqueles que aqui vêm comprar.

O texto entre aspas e em itálico for tanscrito na íntegra conservando alguns vocábulos tal e qual eram escritos à época.

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1 Comments:

At 07 outubro, 2009, Anonymous Pedro Matos said...

É bom que a história da nossa terra esteja a ser publicada para que se possa dar a conhecer o que foi em tempos o potencial desta terra. É pena que nos dias de hoje não se dê importância a estes factos que marcaram a vida de muitas gerações passadas. Devia-se investir mais neste tipo de acontecimentos que ainda fazem parte da vida de algumas pessoas. O poder local devia apostar mais no dinamismo da freguesia e pô-la mais atrativa.
Abraço fica bem...

 

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