O meu cantinho!...

Não sou Poeta, não sou Professor, não sou Engenheiro e muito menos Doutor. Sou alguém que aprendeu a ser o que é, porque um dia me disseram que na vida o que realmente importa é ser eu próprio, confiar nos sentimentos e respeitar o que nos rodeia, ...as pessoas e ...o Mundo!

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quarta-feira, junho 09, 2010

Trilhados - Raid na Estrela

Raid Rossim-Nave da Mestra-Lagoa Redonda-Rossim
Dia 1 de 2


29/05/2010 – 17:29 – Altitude: 1513m – Inicio
Sete membros do grupo «Trilhados» davam inicio a mais um raid pelo maciço central da Serra da Estrela programado para 2 dias com pernoita na Nave da Mestra. Eram vários os objectivos propostos, desde subidas a fragas, algum Geocaching e explorar trilhos novos ou mesmo inexistentes. Para além de uma jornada de companheirismo e aventura, estas caminhadas têm sempre o condão de nos libertar da rotina e do stress do dia-a-dia. Desta feita para além de mim, fizeram-se também ao trilho o David, o Lopes e o Tiago, o Pedro, o Zé Paulo e o João.

29/05/2010 – 18:32 – Altitude: 1671m – Fraga dos Trilhados
O 1º objectivo passava por tentar conquistar o topo de uma imponente fraga de forma mais ou menos cónica e de cor negra que se avista um pouco depois do Vale das Éguas à direita do trilho T11. Foi com alguma dificuldade que conseguimos, enfim, encontrar uma maneira de subir, mas chegados lá a cima, invade-nos uma sensação extraordinária de conquista. Estava decidido que se conseguíssemos atingir o topo iríamos baptizar a imponente fraga de «Fraga dos Trilhados» em homenagem a… nós! :-) Não sabemos se esta fraga terá já um outro nome, mas como após várias buscas na net e nas cartas topográficas da zona o não encontrámos… bom pelo menos para nós será sempre a «Fraga dos Trilhados». Feitas as fotos, “plantada” uma “cache” para o Geocaching, chegava a hora de descer, comer alguma coisinha para aconchegar a barriga e regressar ao trilho T11.

29/05/2010 – 19:16 – Altitude: 1630m – De novo no Trilho
Voltámos ao trilho no preciso local onde nos esperava o 1º de vários momentos de geocaching do fim-de-semana. O frio adensava-se e o nevoeiro caía sobre a serra. Será que vamos ter mau tempo? Era a pergunta recorrente, mas o optimismo estava em alta e aquele ambiente até dava uma tónica diferente à paisagem. Até ao Curral do Martins fomos melhorando as mariolas mais degradadas por que passávamos e lá longe uma raposa colocava-se em lugar seguro.

29/05/2010 – 20:00 – Altitude: 1716m – Ampliação de Mariola
Pouco depois do VG do Curral do Martins, na descida para a Nave da Mestra, fizemos uma pausa para o 1º trabalho de engenharia. Incentivados pelo Pedro, enquanto o Lopes assumia o papel de pedreiro e vários “morrões” transportavam pequenas e grandes pedras, sendo que todo o trabalho era seguido atentamente por vários engenheiros, uma pequena mariola passou rapidamente para os 2 metros de altura, encimada até por alguns enfeites de ocasião.
Após algumas (muitas) fotos e a contemplação do trabalho acabado seguimos viagem.

29/05/2010 – 20:21 – Altitude: 1683m – Chegada à Fenda da Mestra
Os que já ali tinham estado, foram transmitindo as sensações que se têm ao entrar no coração da Serra pela imponente fenda, mas uma coisa é contar, outra é sentir. Antes de entrar na fenda que dá acesso à mestra, demos uma volta lá no alto dos penedos para ver de cima e só depois descemos pelas entranhas das rochas até à magnífica Nave da Mestra. Um pequeno paraíso perdido na imensidão da Serra, um pequeno mundo à parte.

29/05/2010 – 20:39 – Altitude: 1645m – Abrigo da Nave da Mestra
Depois de uma visita guiada aos cantos e recantos da Mestra, a quem, pela 1ª vez aqui vinha, e do 2º momento de geocaching, fomos inspeccionar os nossos aposentos. Estavam tal e qual os deixáramos à pouco menos de um ano. Ali logo o Pedro (quem mais haveria de ser) se propôs acabar o que antes houvéramos iniciado: acabar uma parede de forma a tapar um grande buraco nas traseiras, mas também era necessário arranjar algo para isolar o chão. Assim dividimos tarefas, enquanto uns reuniam um monte feno seco arrancado à mão do cervunal, outros procuravam e acartavam grandes lascas e outras (pesadas algumas) pedras para acabar com as correntes de ar no abrigo. A certa altura da construção, quase que tudo se desmoronava, mas com persistência e jeito a coisa prosseguiu. Entretanto e com toda esta actividade nem demos conta que a noite caía com a lua lá ao longe a subir no horizonte, primeiro muito avermelhada, mas depois branca e luminosa. A barriga dava horas, e era necessário saciá-la. Já à luz do pequeno candeeiro a gás e de uma potente lanterna começaram a saltar das mochilas as iguarias e os vários “gadgets” de ocasião. O que mais chamou a atenção foi sem dúvida a inovadora caneca que “mistura sozinha, o açúcar” verdadeiramente digna de um “007”. Quanto a iguarias havia de tudo, até, imagine-se, uma deliciosa maça bolonhesa cozinhada ali mesmo.
Cheios até cima, empanturrados mesmo, fomos arranjar lenha e acender uma pequena fogueira num local resguardado e previamente preparado para o efeito. Ainda lancei a ideia de uma pequena caminhada nocturna, mas a caminhada da tarde, e principalmente a actividade de construção civil tinham deixado marcas. Bom mas era necessário fazer algo para desgastar, e afinal ainda havia um buraco na parede! Então que se faz? Luzes na testa, arregaçar as mangas, procurar mais pedras e acabar a construção. De doidos… mas no final tinha valido a pena, finalmente tinha-mos um abrigo digno e à medida dos Trilhados.
Para relaxar, fez-se chá no pequeno fogão do Lopes (vários sabores e aromas) e acompanhando com as deliciosas bolachas de canela do Zé Paulo, aconchegados pelo calor da fogueira, fomos deixando que o cansaço tomasse conta do esqueleto e o apelo do saco cama nos piscasse o olho. Afinal, ali no paraíso, o vento tinha cessado, o nevoeiro dera lugar a um céu fantasticamente estrelado, a temperatura era amena e a lua lá no alto era como que um holofote sobre a Mestra.
Aos poucos, lá pela uma da madrugada, fomos nos aconchegando na nossa cama de palha e em breve o silêncio reinava de novo no Vale.

Resumo do 1º dia:
- Distância total: 7,9Km
- Altitude mínima: 1482m
- Altitude máxima: 1728m
- Velocidade média de caminhada: 2.5Km/h

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