O meu cantinho!...

Não sou Poeta, não sou Professor, não sou Engenheiro e muito menos Doutor. Sou alguém que aprendeu a ser o que é, porque um dia me disseram que na vida o que realmente importa é ser eu próprio, confiar nos sentimentos e respeitar o que nos rodeia, ...as pessoas e ...o Mundo!

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domingo, abril 27, 2008

Dia da mulher… [2 de 3]

Explorada a Base do Teleférico, rapidamente concluímos que dado Foto CMatoso estado esburacado das paredes, pouca protecção nos oferecia face aos ventos que embora não se fazendo sentir ainda, sabíamos se levantariam. Por lá ainda se podem observar as gigantescas roldanas (que ainda rodam) que seguravam os cabos e a fraca qualidade de construção, com erros de engenharia à mistura, que levaram a que uma grande viga com carretos se tivesse desprendido lá das alturas, enterrando-se no chão assim que foi Foto Pedro Matoslançado o primeiro teleférico (em testes) provocando o colapso de tudo o resto (soubemo-lo depois).
Encontrado o local mais protegido, com vestígios de fogueiras recentes, assentámos arraiais, mas pouco convencidos. Sabendo que ali perto existia um abrigo de pastores mais lá para o vale, eu e o Vítor decidimos ir explorá-lo. Munidos de um Walki-Talkie deixámos o grupo e embrenhámo-nos na noite. Ao atravessar a estrada, Foto Pedro Matosencontrámos uma carrinha de 9 lugares estacionada e vazia… ali no meio do nada, o que em abono da verdade nos deixou apreensivos. Sem pontos de referência, com uma noite escura apenas iluminada pelas nossas lanternas, descemos pelo que parecia um leito de ribeiro seco em direcção ao vale. Ali chegados começámos a vislumbrar um vulto recortado contra um prado amarelo e seco. Era o abrigo.
Receosos de que já estivesse ocupado, aproximámo-nos com cautela, mas ao não ouvir Foto Pedro Matossom algum entrámos, sem antes ter batido à porta. No interior apenas um pequeno rato que se esgueirava por um canto e um passarinho assustado que esvoaçava de parede a parede. Não estava propriamente limpo, com latas e restos de comida espalhados, esteiras meio apodrecidas à entrada e o chão coberto de sujidade. O único conforto era a enorme lareira que prometia e uma temperatura agradável no interior.
No entanto, depois de contactos com o grupo que tinha ficado lá em cima, ficou decidido que devido ao mau aspecto, voltaríamos lá para cima para pernoitar. Levámos Foto Pedro Matosconnosco um tronco seco que se viria a revelar em todos os aspectos como um grande erro logístico, mas pronto.
Chegámos ao teleférico de rastos face ao peso do tronco, onde já crepitava um tímido fogo por contraponto com uma aragem forte e fria que entrava por tudo quanto era sítio. No fim de jantar estávamos todos enregelados e com as pontas dos dedos e do nariz “prestes a cair”.
Não havia alternativa, mochilas às costas e rumar ao abrigo, apesar de tudo muito mais acolhedor, era a única opção possível. Ao descer vimos lá longe, nas encostas Foto Pedro Matosdos cântaros, uma fila de luzinhas que descia em direcção ao Covão da Ametade. Eram caminhantes/montanhistas que encontraríamos depois ao outro dia. Limpo e arrumado, o abrigo parecia outro. Com a lareira acesa (com lenha miúda, pois o tronco…) ficou quase um hotel de 5 estrelas. O vento lá fora rugia vigoroso fazendo descer a temperatura exterior para os 3/4 graus enquanto que a lareira e um chazinho quente com Bolacha Maria nos proporcionava uns 12 graus.
Foto CMatosDurante a noite, recolhidos nos sacos-cama, ouvia-se como que um mar revolto que rebenta na praia, tal era a ventania que se abatia sobre o abrigo e a sua resistente chaminé. Com uma visita inesperada (o ratinho foi espreitar o lixo) e um susto provocado por casacos pendurados na parede que a luz da noite fez supor a presença de alguém, de todo impossível pois a porta tinha sido trancada com um ferro, o alvorecer chegou rapidamente trazendo o Sol que lutava desigualmente com o vento. Estava frio e a manhã prometia.

Continua...

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