Finda que está a X Peregrinação “Maria Sim Total”, é altura de balanço.
Começando na esquerda - Em pé: David (Apoio), Carlos, Maria José, Paula, Ana Borges de Matos, José Chaves
Em baixo: António Sales, Graciete, Padre Marco Cabral (Apoio)
Com duas desistências de última hora por motivos de força maior, foram 9 os peregrinos que se lançaram à estrada rumo a Fátima, 7 a pé e dois no apoio. Apesar da previsão de muita chuva para os dias de 2 a 6 de Abril, São Pedro foi bonzinho no 1º dia com apenas alguns pinguitos logo pela manhã. A noite passada na Hospedaria “Bom Samaritano” em Cabanas de Viriato, instalações da paróquia do “nosso” Padre Marco Cabral, responsável pelo apoio físico e espiritual destas peregrinações, foi retemperador.
O 2º dia foi um pouco mais complicado com a chuva a não nos largar durante toda a manhã, uma provação para os pés. De tarde o tempo melhorou e quase secámos as sapatilhas nos pés. Um banhito quente e uma deliciosa sopinha que a D. Lídia e a D. Maria João, nos presentearam em Torres do Mondego no salão da Paróquia, fizeram-nos bem à alma.
Com
3º dia veio o acontecimento que irá marcar no tempo esta peregrinação. À saída da povoação de Torres do Mondego, pelas 07:00 da madrugada, um cãozinho amoroso estava na sarjeta com marcas de atropelamento, cheio de frio e com uns olhinhos de quem implora por ajuda. Recolhemo-lo sem saber muito bem o que fazer… Perto do meio-dia, com a intervenção da associação de proteção animal de Coimbra e a ajuda da Clínica Veterinária de Condeixa “
VetCondeixa” já o Mondego (nome por nós escolhido para o pequeno cachorrito)
tinha feito 2 RX, ingerido uma refeição e levado duas picas. As notícias chegaram ao grupo a pé com entusiasmo, pois não havia nada partido e em princípio a recuperação é possível. Estava descartada a hipóteses que lá no fundo todos temíamos: A necessidade do abate. Daqui em diante seria a nossa mascote e o centro de todas as atenções. O Padre Marco e o David (no apoio) ficaram entregues aos “cuidados médicos” e de lhe darem conforto e carinho. Já o nosso dia de caminhada ia sendo dividido entre a oração, as conversas de ocasião, o barulho constante dos automóveis (tínhamos entrado na N1 a meio da manhã) e o Mondego. Enquanto que a manhã esteve fresca e seca, a tarde trouxe a chuva, intensificada pelo spray dos camiões. Um pequeno inferno. O repouso merecido foi na (excelente) sede dos
Escuteiros do Pombal e os banhos patrocinados pelos Bombeiros Voluntários locais.
Chegávamos ao 4º dia de peregrinação. Com a saída da N1, vinha o cheirinho a Eucalipto e o sentimento de que Fátima estava mais perto a cada passada, mesmo que as dores nos tentassem a não as dar. São Pedro também estava disposto a ajudar, pois libertou o céu das nuvens, aqueceu um pouco a nossa alma com Sol, mas sem nos queimar a pele. O vento frio soprava nas costas como que a empurrar-nos para Nossa Senhora. Terminada a etapa às portas do “Calvário”, regressamos à Caranguejeira para o merecido repouso no salão da paróquia. Como sempre o banho quente é retemperador e prepara-nos para a oração da noite com a leitura de uma passagem da bíblia, a reflexão sobre a mesma e a partilha de sentimentos. Segue-se o descanso com o despertar marcado para as 05:00 da manhã com uma ou outra exceção.
5º Dia. O dia Fátima. Apenas 10 quilómetros nos separam do santuário e da sensação indescritível de chegar junto a Nossa Senhora após cerca de 170kms de caminhada. O “Calvário” termina na Santa Catarina da Serra, onde a paragem na Igreja nos permite em oração preparar o espírito para a chegada a Fátima. Depois nos últimos 4kms já ninguém se lembra dos achaques da carne, mas sim das bênçãos que nos vão na alma.
Foi assim a X Peregrinação, foram assim as anteriores e assim continuarão, assim Deus o permita.

A primeira foto do Mondego ainda com a situação de vida incerta.

48 Horas depois da 1º foto, já brinca com o pau de um chupa.
Nota – Neste momento em que escrevo, o pequeno Mondego está deitado na sua camita ali ao lume, a dormir um sono tranquilo e retemperador. Como como um desalmado, já brinca com o brinquedo que o “padrinho” lhe ofereceu, está bem mais espertito, não gosta de ficar sozinho quando acordado, chamando-nos com pequenos latidos tristes, e já se vai firmando nas patas de trás. Também já vai dando o jeito a passadas com os quartos traseiros, com a nossa ajuda, e hoje ao fazer xixi já foi capaz de aninhar ligeiramente a traseira e se voltou a elevar sem ajuda. Espero que recupere totalmente e que a alegria volte ao seu olhar, ainda triste.
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